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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

When I´m 64

Esta é a  canção do Lado B do álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band

a história do álbum, cenário, assuntos e canções, aqui neste LINK

É uma de 27 canções com sobre Garotas, na Classe Amor

as demais 26 canções de mesmo Assunto e  Classe, neste LINK

Atenção, canções com títulos em vermelho 

são links que levam a análises sobre elas.

9. When I´m 64   (Love Girl Song by Paul McCartney)

Paul pergunta: 'Quando eu ficar mais velho, perdendo meus cabelos, muitos anos adiante, você ainda irá me mandar presentes no dia dos namorados, saudações no aniversário, garrafa de vinho?"
Esta foi a segunda canção a ser gravada  nas sessões para Sgt. Pepper's, ainda em 1966, mas como a primeira, Strawberry Fields Forever, foi lançada apenas em compacto, When I'm Sixty Four foi a primeira 'nova' canção do álbum. As aspas que coloquei é porque ela não tinha nada de 'nova'! Paul a tinha feito aos 16 (ou 14) anos de idade, em homenagem ao pai, que era trompetista amador, mas como precisavam produzir material novo, ele foi buscar a composição no fundo do baú. Além disso, por ser no estilo vaudeville, dos anos 1920, ela se encaixava perfeitamente no clima da banda do Sargento  Pimenta, que era ambientada no começo do século, ideia que Paul tivera um mês antes, naquele voo de volta do Quênia.
Outro ótimo encaixe foi a escolha da idade, lembre-se, ela foi feita 10 anos antes do lançamento: o pai se aposentaria aos 65 anos, mas ele escolheu 64, porque havia mais rimas para "four" do que para "five", e essa escolha acabou, por coincidência, coadunando-se perfeitamente com a idade do velho pai. À
quela altura, da gravação, ninguém imaginava que eles gastariam quase seis meses gravando o álbum, que acabou sendo lançado apenas em junho de 1967 e veja a coincidência: Jim McCartney completaria 65 anos naquele mesmo 1967 então ele tinha 64 anos na época do lançamento. Beatles magic? Como se diz em inglês, 'Perfect fit!'. Um belo presente de aniversário! Idas e vindas em declarações sobre a contribuição de John na composição, foram de algumas palavras a nenhuma, seja como for, é uma pura Paul McCartney!
E vejamos por que a classifiquei como uma Love/Girl Song. É um casal, jovem ou não tão jovem assim,  fazendo planos para o futuro, checando se um vai cuidar do outro ("will you still feed me"), se ainda irão se sentir enamorados ("Valentine birthday greetings", e indo até a fase de avós ("grandchildren on your knee"), e de perda de condições físicas ("when you light has gone"). Admira-se que um jovem de 16 (ou 14 anos) pudesse ter essa sensibilidade. Mas ele sempre foi Paul McCartney, não é mesmo? E por que essa questão de idade? É que o próprio Paul foi incerto ao contar a história, uma vez dizia que foi já na época de John (16 anos), noutra vez dizia que foi antes de o rock chegar a Liverpool (14 anos), daí ele tê-la feito naquele estilo, seja qual for, uma composição precoce para a idade. A estrutura é simples, verso-ponte-verso-ponte-verso. Talvez na época da criação seriam apenas os versos, e as pontes podem ter vindo posteriormente, com compositor mais maduro. Os três versos têm letras diferentes, assim como as duas pontes, entre si, Beatles Law, assim como as rimas, que seriam consideradas ricas em português, em profusão, "door-more-evermore-four", "Valentine-wine", "save-Dave", "say-away", "weed-feed", "too-you", e uma nem tão abastada assim, como "fireside-ride", perdoado...
Musicalmente, aparece seu outro grande apelo, chegarei a ele logo adiante. A base, foi feita, por John na guitarra(??), Paul no Baixo, e Ringo no chimbal (hi hat) e bumbo. Logo depois, Paul gravou um piano, e Ringo, uma caixa, só na escova. Dois dias depois, apenas Paul foi ao estúdio e fez seu vocal base, note os 'erres' acentuados em "gRandchildren on youR knees" e encante-se com o "Uh" no fim, apresentando o último solo! Nesse mesmo dia, Paul percebeu que a guitarra de John, apesar de bem tocada, talvez não fosse o som que ele gostaria de ouvir numa canção dos anos 20, quando não havia guitarras elétricas. Doze dias depois, todos ao trabalho, com George e John fazendo vocal de apoio (Uuh's) na primeira ponte e harmonizando na segunda ("We shall scrimp and save"), aliás, o verbo "scrimp" (pechinchar) entra facilmente aquela lista de palavras-não-usuais-em-canções-pop, que se avoluma desde o início da carreira. No mesmo dia, Ringo acrescentou deliciosos sinos tubulares, que seriam de grande destaque na versão final. E Paul discutiu com George Martin sobre arranjo, dizendo que faltava algo para dar o clima de anos 20 à canção, ao que o Maestro retrucou: "Por que não clarinetes?". Bingo! Martin escreveu as pautas e trouxe, dois dias depois, um clarinetista baixo (incrível, para marcar o ritmo!) e dois sopranos e fizeram aquela maravilha que se ouve na versão final, logo na abertura, com direito a Beatle break (segundos sem som nenhum), e depois fazendo 2ª voz,  ou contrapontos ao vocal, ou ainda só nos acordes, e finalizando a canção, solo. A guitarra de John parece que foi pro espaço, daí aquele duplo ponto de interrogação ali em cima! Ouve-se Paul, no baixo e no piano, Ringo, no chimbal, na caixa, e nos sinos tubulares, e os clarinetistas! John e George? Apenas nos vocais! Numa decisão final, antes da masterização, Paul pediu que acelerassem a fita o equivalente a uma mudança de meio tom, e então a canção, toda gravada em Dó, saiu em Ré Bemol. Motivo da manobra? Para tornar sua voz mais aguda, mais parecida com a que tinha quando adolescente, época em que fez a canção! Gênio!  Estava pronta a primeira McCartney Vaudeville Song na época dos Beatles. As outras seriam Your Mother Should Know,  Honey Pie Maxwell's Silver Hammer, e um pouco, All Together Now, nos dois anos subsequentes! AMO TODAS ELAAAAS!!!
Ao vivo, pelos Beatles? Nunca! Ao menos, somos contemporâneos de seus análogos! Vejam que preciosidade esta performance da banda The Analogues! Todas os clarinetes e os sinos estão lá, note como o clarinete baixo parece um pequeno saxofone, perceba o trabalho das escovas na caixa da bateria, e a marcação do ritmo com o chimbal, aquele prato de pé! Note como o guitarrista está lá só pra cantar!  De aplaudir de pé! Neste LINK! Note que o 'Paul' também faz o 'erre' acentuado e o 'Hu' final! Perfeito! 
Termino esta análise com um fato infeliz, tipo coisas da vida. Desde pequeno, lembrem-se, eu ouço esta canção desde os meus 9 anos de idade,  eu pensava que ia ser legal ver Paul chegando a seus 64 anos ao lado de sua esposa, em uma excursão chamada 'Now I'm 64' e sairia pelo mundo com ela a seu lado encantando as plateias. Ele se casou com Linda, e ela ficou 10, depois 20 anos com ele, tiveram 3 filhos, mas não chegou aos 30, ela morreu de câncer. Ele tinha 57 anos, e eu pensei: tomara que se case novamente! E ele se casou, com Heather Mills, uma ativista antibombas, coxa, que lhe deu até uma filha, Beatrice! Mas, ela era meio doidinha, separou-se, levou 50 milhões de dólares com ela, e Paul ficou sozinho, aos 63 anos de idade! Caramba, bateu na trave. E ele passou seus 64 anos sem viajar para a Isle of Wight com sua companheira!

7 comentários:

  1. E tem ainda Your Mother should know...Também no estilo. Que John chamou de Granny songs. Nunca achei nada de mais isso. Sempre me pareceu John sendo John. Nada sério como vejo fans dizendo hoje e chegando a achar mesmo que essas músicas não tnham valor. Ora, se não tivessem valor teriam sido vetadas. Elas são lindas demais.
    Agora vejo uma novidade. A guitarra de John não foi aproveitada por motivos compreensíveis. Não combinava. Pode ser que isso magoou nosso querido um pouquinho...Sei lá. Só sei que ele adorou dançar ao som de Your Mother Should Know no MMT. Vi um vídeo dele falando isso. Portanto até que gostava sim do som vaudeville.

    Excelente texto como sempre. E eu aprendendo.

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    1. Obrigadoo!
      Excelente lembrança de Your Mother Should Know!
      Vou incluir!!

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  2. Gostaria de saber mais sobre The Beatles Analogues. Quem são? De onde são?

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    1. São holandeses! A proposta é executar ao vivo tudo o que os Beatles produziram na fase Studio Only. E já fizeram, e com louvor!!

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  3. Excelente, amigo.
    Paul um gênio, mas já demonstrando sua individualidade nas canções, colocando apenas o que gostava, já se afastando, talvez subconscientemente dos outros.
    Vc deveria juntar todas essas análises das músicas e publicar um livro. Seria sucesso na certa

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  4. Sou de 1960 e comecei a gostar dos “os the Beatles “ ( como diz um amigo ), ao ouviu Help pela 1a vez. Vou a minha introdução neste mundo maravilhoso .
    Um 2022 com saúde e paz para todos

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  5. Boa explanação! Ouvir a música novamente tem outro sentido!
    Grato

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